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Entrevista 

com Lia Rejane

Parte 02

Porque não tinha nem Dr. Google, não é? [risos]

Não tinha, era eu acho que de boca em boca, folclore, tradição oral, entendeu? [risos] Ou seja, chamaram, mas foi uma coisa muito estranha porque nós recebemos uma carta do conselho e foi mais uma pessoa conosco que eu não me lembro quem foi... Não éramos só nós duas, era alguém da Associação que estava lá conosco, mas eu realmente não sei. Eu devo ter essa carta, inclusive. Nós fomos, mas sem saber o que queriam conosco. Na verdade, eu só me dei conta que era fiscalização porque na hora em que chegamos nos levaram para uma sala que tinha uma enorme placa na porta escrito “fiscalização”. Se não, eu não teria me dado conta.

Provavelmente pra fiscalizar o uso indevido da psicologia.

Certamente, mas eu fiz aí a mesma coisa que eu fiz – eu acho que eu nem deveria contar isso [risos] – na Sociedade de Psicodrama de Santos. Ou seja, quando eu percebi que era fiscalização, eu comecei a falar só numa linguagem musical. Eu não me lembro direito onde eu trabalhava, porque eu trabalhei até 2002 ininterruptamente e depois eu voltei em 2009 e parei em 2012, voltei em 2012 e a gente tá andando na Maternidade. Mas aí eu comecei a falar do meu trabalho na ABBR, onde fiquei oito anos. E aí eu falava do tônus e de como a música funcionava pra normalizar, quando o objetivo era normalizar... Que tipo de música para o hipertônico, que tipo de som pra o hipotônico, então eu peguei o que não tinha nada a ver com o psicológico e sim o que tinha a ver com o neurológico, físico, com a fisiologia e por aí afora. E mais ou menos em Santos passou a mesma coisa. No momento em que um dos nossos projetos de regulamentação da profissão chegou ao Senado, nós sabemos que houve uma movimentação dos psicólogos pra impedir que nosso projeto passasse. E nesse exato momento eu fui chamada a Santos pra fazer um workshop. Aí eu fui e fiz, e me pediram pra falar o que eu tinha achado e eu falei numa linguagem completamente musical, explicando tudo através do musical. Uma pessoa falou “você não poderia falar numa linguagem que a gente entendesse?” e eu disse “não, a linguagem do musicoterapeuta é essa, nossa ferramenta principal é a música” [risos]. Era uma estratégia pra eles enxergarem... Claro que aí tem os movimentos psicológicos e tal, mas de qualquer maneira tem uma linguagem própria da musicoterapia.

É um conhecimento que a gente tá construindo nessa interdisciplinaridade, mas é da gente.

Exatamente. Foi uma estratégia para que se percebesse que nós temos aspectos que são específicos, e que vêm da música, que é nossa ferramenta principal. Pra fazer uma grande diferença entre as coisas que se fazem, ou como se fazem [risos]. Mas foram muitas situações muito interessantes... Porque a gente não fica só nos congressos de musicoterapia, a gente fala em outros congressos. Eu falei recentemente (2011) no congresso de nefrologia, apresentando o que eu fiz na clínica onde eu trabalhei com pacientes de diálise.

Neurociência também você falou recentemente, não foi? Belo Horizonte?

Não, Minas foi musicoterapia mesmo. Neurociências eu não tava... Neurociências foi um curso que a gente fez com a Isabelle Perretz em São Paulo, que eu fui de aluna [risos]. Foi um curso interessantíssimo, porque ela apresentou o que a gente ainda tava ouvindo falar, mas ela trabalha num laboratório com a Louise Gagnon no Canadá, que é onde estão os grandes laboratórios de neurociências e música. Ela deu um curso belíssimo. Não, eu falei também!!! [risos] É verdade, eu falei porque eu adequei uma... Eu apresentei um trabalho. Acontece que foi assim, foi um... É o que você tava falando [risos], foi neurociências... Mas é que você colocou em Minas...

[Risos] É, é, despaginou...

Foi São Paulo. Eu apresentei uma pesquisa que era dela e da Louise Gagnon. Ela estava inclusive na plateia, mas evidentemente não entende uma palavra de português, então não avançou [risos].

Agora, Rejane, foram suas também duas coisas muito importantes, que foi você quem desbravou: os cursos de pós-graduação no Rio e no Brasil e a Clínica Social. Quer dizer, a gente já viu aulas, livros, pensamentos, mas essas são coisas bastante práticas. A clínica, como é que você concebeu? E os cursos, também, que foram dados aqui e fora daqui que abriram espaço... Acho que 80% do que aconteceu fora do Rio tem o seu dedinho, não é? [risos] Eu sei que você não gosta de falar de você, tá aí meio inquieta com isso tudo, mas não tem como não falar disso [risos].

Eu tô meio inquieta acho que porque eu voltei a sentir o que eu senti nesse tempo quando começou, que foi uma luta muito grande. O curso de pós-graduação de musicoterapia, a Cecilia me pediu pra fazer um projeto e me deu 1 ano. Eu fiquei durante 1 ano – eu tenho isso em um caderno! –, o ano de 1992 inteiro.

Isso é, você largou a coordenação em 1990 e em 1992 você tava propondo a pós-graduação?

Eu só tive férias em 1991 [risos], porque em 1992 eu fiquei pensando sobre a pós-graduação, que foi muito difícil de conceber e de segurar as reações que até hoje existem. Você sabe disso, mas os nossos ouvintes não [risos], então vale a história. O que aconteceu foi que as pessoas não aceitaram – quando eu falo as pessoas, eu falo principalmente as pessoas que fizeram a graduação como nós – que pessoas que fizessem 1 ano e meio fossem ter as mesmas possibilidades que elas que fizeram 4 anos. Só que tem uma grande diferença que pouca gente entende... Aliás, duas diferenças: o pessoal que vem pra pós-graduação em primeiro lugar já tem uma idade diferente da do pessoal que vem pra graduação. Eu já recebi aluno aqui com 16 anos na graduação. Uma pessoa que começa com 16 termina com 20. A maturidade pra determinados trabalhos, ou atendimentos em musicoterapia... É difícil... Uma pessoa que vem pra pós-graduação já tem uma outra idade e já passou por um curso de graduação, então ela realmente tem uma outra experiência. Mais ainda, no curso de pós-graduação a gente tem gente do Brasil inteiro mesmo ainda hoje que tem só no Nordeste 4 ou 5 pós-graduações, ou seja, as pessoas já ficam um pouco por lá, então diminui aqui. 

Mas essa função desbravadora de levar o conhecimento a todo Brasil é muito importante. E teve gente de Portugal, de Cuba que chegaram aqui no nosso curso.

Teve. E teve gente do Peru, que acabou não vindo pra cá, mas foi pra Pelotas, que foi um dos cursos que eu fiz o projeto também. Mas e aí foi uma briga de foice! Até que a Associação me chamou pra fazer parte de uma mesa pra falar sobre a pós-graduação e eu vi que a coisa ia ser muito feia e eu pedi socorro a Goiânia, onde nós tínhamos montado – eu e Cecília – inicialmente uma pós-graduação e depois eu montei uma outra em saúde mental. Mas essa mesa eu chamei a professora Dilma Yamada, que era coordenadora da Escola de Música da Universidade Federal de Goiás. E a Dilma foi muito importante, porque aí eu já não estava sozinha defendendo a pós. A importância da pós que se abriu em Goiânia, que foi, na minha visão, a melhor organização que se teve. Se você hoje for à Universidade Federal de Goiás, onde já se tem uma graduação de musicoterapia, as professoras são todas elas – 4 ou 5 – saídas da pós-graduação. O que aconteceu foi que as pessoas fizeram a pós-graduação e tiveram condições de organizar e de manter – porque nem sempre a gente consegue manter – um curso de graduação que funciona dentro da Universidade.


 
Hoje uma das professoras, que é a Fernanda Valentim, não veio da pós, mas estudou lá, veio da graduação da própria Universidade. 

É, ela e a Tereza Raquel, que é a coordenadora da graduação. A Claudia Zanini é coordenadora do mestrado e saiu da pós, a Eliamar saiu da pós, a Liomara, que já se aposentou, saiu da pós, a Sandra saiu da pós... São todas professoras.

Marly: E o fato de elas terem a pós possibilitou que pudesse ser criada a graduação.

Rejane: Sem dúvida nenhuma! Por isso que na Bahia foi tão difícil, porque na Bahia não se formaram professores. Agora uma outra questão que eu acho que é extremamente importante... A importância da pós reside também numa terceira questão que é: você, pelo Brasil inteiro, encontra pessoas que sabem música e que trabalham nas APAEs e Pestalozzi – que todas as cidades brasileiras têm. Todas essas pessoas que trabalham com música nessas instituições vêm pro Rio – ou pelo menos vinham, mas muitas ainda vêm – pra validar as suas práticas. Elas vêm em janeiro a primeira vez, em julho elas voltam e dizem “Rejane, já estou fazendo muito diferente!”. Ou seja, elas não teriam a possibilidade de validar essas práticas se não tivesse sido criada a pós-graduação. Só que depois disso eu fiz projetos pra Federal de Pelotas, eu fiz projeto para... Ih, eu não vou saber dizer! 

Piauí?

Piauí não, o Piauí já foi criado – claro que a gente sempre ajuda, agora no Ceará também me pediram projeto – por uma pessoa que saiu da pós do Rio, que é a Nidia Rego Monteiro. A pós Recife/Olinda foi criada pela Carmen, que fez a pós em Goiás. A Bahia foi pela Rita Dultra, que é a coordenadora e foi aluna da graduação. Santa Catarina foi criada pela Ana Léa, que saiu de São Paulo.

Eu dei aula lá, você deu?

Dei aula lá também. Projetos eu fiz vários... O do Ceará também foi, outros a gente contribui, eles fazem acertos e colocam mais adequadamente a cultura... Enfim, tem algumas coisas assim. Mas aula eu dei em Pelotas – vindo de baixo pra cima –, na pós de Pelotas, na pós de... No sul não tem outras. Tinha em São Paulo, mas eu não sei se tem ainda... Aqui no Rio – subindo –; na Federal do Espírito Santo, que foi a Telma Álvares quem criou, que hoje está na UFRJ; em Olinda, onde está Carmen, que saiu da pós de Goiás; no Piauí, que é da Nidia, que saiu da pós do Rio; no Ceará, que foi um projeto meu. São 6 ou 7 cursos de pós hoje.

A sua visão de que esse conhecimento só se tornará mais disciplinar se ele for expandido, se ele for contagiado para outras pessoas... Porque um pós-graduado que vai ser musicoterapeuta lá no Amazonas – a gente tem o caso da Natalia, que fez a pós-graduação aqui e foi lá, já tá no Mestrado, já tá no Doutorado na USP – isso vai realmente contaminando uma série de outras pessoas, que vão trazendo pro conhecimento. Porque se for concentrado somente na graduação a gente não consegue. Foi assim com todas as profissões, é histórico isso.

Sem dúvida. E tem um aspecto importante: nós deveríamos ter no Brasil um Mestrado em musicoterapia, porque nós temos pessoas que têm condições de dar aula no Mestrado. Eu vivo perguntando pra musicoterapeutas professores “você ensina tudo o que você sabe?” [risos], e as pessoas respondem “não, por conta do nível”. E na graduação você tem um nível, na pós-graduação outro nível, e no mestrado você iria em frente. 

E pode aprender junto, não é? Não é só ensinar!

Não tem dúvida!! Aluno não é aluno, aluno é professor também!

Mas imagina no nível de Mestrado e Doutorado quanto que a gente não ia aprender. 

Pois é! Mas quando o aluno faz uma pergunta, muitas vezes ele te leva a criar conceitos e pensar em como ampliar aquilo, e o que é aquilo... Ah, eu não falei da clínica, que você também perguntou.

É, mas só um pouquinho... Rejane, Goiás tem uma linha de pesquisa, não tem? De musicoterapia.

Não, tem um Mestrado que tem um braço de musicoterapia. 

Só pra gente não esquecer, também, de todas essas possibilidades.

A Clara fez lá, o Davidson – que é de Pernambuco – fez lá, com esse braço de musicoterapia, e não sei se tem maia alguém...

Não, várias pessoas fizeram, mas você tá falando assim de fora, não é? Porque teve a Conceição, que é de Goiás mesmo. Tem várias pessoas que tão fazendo um trabalho muito bacana lá, mas só pra lembrar que tem como se fosse um braço lá, que acaba problematizando bastante musicoterapia. Agora a Clínica Ronaldo Milecco!

Tem, é. Tem uma linha. Pois é, a Clínica é outra história! Eu ontem estava escrevendo a história da Clínica, porque eu perdi a história da Clínica. Ela está numa publicação que eu fiz quando se fez o primeiro seminário da Clínica em 2005, mas só na publicação. 

Mas você não tem essa publicação? Eu tenho! [risos]

Eu tenho, mas ela precisa estar mais...

Difundida?

É, e mais detalhada. A história que eu escrevi ontem, como é pra entrar no site do Conservatório, eu resumi ao máximo. Mas na verdade, tem um caminho, tem uma história – como tudo – essa criação da Clínica. Isso começou – eu não vou saber exatamente quando – mas nas reuniões de professores, a Márcia Pôrto, que era psicóloga, que faleceu, era professora de psicologia da Santa Úrsula sempre falava “lá nas escolas de psicologia tem sempre uma clínica onde os alunos fazem estágio e atendem a comunidade”. Aquilo ficou na minha cabeça e eu dizia “a gente precisa criar uma clínica como as clínicas de psicologia, por que não?”. E eu comecei a falar isso nas reuniões. Quando eu saí da coordenação, eu me demiti meses antes do congresso mundial. Me demiti em março de 1990 e o congresso foi em julho – o que foi uma loucura, mas enfim, tudo bem. E aí, o Marco Antonio [Carvalho Santos], que também é musicoterapeuta, mandava os alunos para o Conservatório da Tijuca...

O Marco era o coordenador, ficou no seu lugar na coordenação?

Foi, ele me seguiu na coordenação. Eu saí e ele entrou. Exatamente em 1990. E aí o Marco criou, aos sábados de manhã – ele não chamava de clínica – o estágio, que era feito na Tijuca. Os alunos atendiam a pacientes na Tijuca. Em 1991, a Barbara Hesser veio dar um curso do GIM (Método de Imagens Guiadas em Música) aqui no Rio, e ficou hospedada na minha casa. A gente conversava o dia inteiro, quando não tava dando aula, e ela me falou da clínica Nordoff-Robbins, que é uma clínica que é da Universidade de Nova York. Ou seja, os alunos do Mestrado em musicoterapia da Universidade de Nova York e do Doutorado, que depois fechou, iam pra clínica Nordoff-Robbins pra fazer os estágios. Essa clínica foi criada pelo Clive Robbins e pela mulher dele, a Carol Robbins, mas na verdade a chefe era a Barbara que era – e ainda é hoje – a coordenadora do agora só Mestrado. E aí ela começou a me dizer como era e tal, eu fiquei encantada e comecei a falar com a professora Marina Lourenço Fernandes, que era diretora do Conservatório. Só que o Conservatório não tinha espaço. Aí eu fui chamada em Ribeirão Preto, onde se teve graduação e também pós-graduação – não sei se você deu aula, eu também dei aula lá. E aí quando eu cheguei na Universidade de Ribeirão Preto que eu vi as instalações, eu falei pra Maria Helena Cury (que criou o curso lá) “Maria Helena, aqui você teria uma clínica maravilhosa! Eu não consigo fazer isso no Rio porque a gente não tem espaço, mas você tem espaço aqui”. Ela falou “me faz um projeto”, e eu fiz o projeto no avião voltando pra cá. Voltei lá – e aí não era mais pra dar aula, mas pra ajudar no currículo, numa revisão de currículo –, tirei o papel e falei “tá aqui a tua clínica”. Cinco meses depois ela me chamou pra inaugurar a clínica de Ribeirão Preto. O projeto foi meu e ela disse “olha aqui, ainda tá aqui o teu papel”. Durante anos ela mudava a agenda e mudava o meu papel do projeto da clínica de agenda [risos]. Aí logo depois – eu não sei exatamente agora os anos – nós fomos pra Goiânia – a Cecília Conde e eu – dar um curso de introdução à musicoterapia, depois a gente fez o projeto pro primeiro curso de pós. E aí a Dilma Yamada entrou como diretora da Escola de Artes, Música e Artes Visuais – alguma coisa assim, o nome... E aí eu falei “ô, Dilma, por que você não faz uma clínica aqui?”. Só que aí a Universidade fez uma clínica com “one way” (aquele espelho que a gente olha e vê do outro lado), mas assim, humilhante! [risos] Ou seja, maravilhosa. Só que eles botaram um nome que eu não gostei – não sei nem se continua sendo assim –, que eu falei “Dilma, não podia ser assim” e ela falou “tinha que ser, por motivos políticos”: era um “Laboratório de Musicoterapia”, o que dava a impressão que ia se fazer pesquisa ou coisa que o valha com os pacientes que entrassem. Mas, de qualquer maneira, aí eu também fui pra inauguração. E aqui eu não tinha como fazer. Aí num determinado momento, que foi em 2001, a professora Marina, diretora, me chamou e disse “Lia Rejane, nós estamos alugando o 7º andar e uma sala vai ser sua”. Eu falei “para?” e ela “para sua clínica!” [risos].

Ahhh, que delícia [risos].

E eu aí disse “puxa, Marina, que maravilha! Porque até aí eu não tinha conseguido fazer e tava fazendo fora”. Aí ela disse “não, agora você vai conseguir!”. E aí, eu estava fechando meu consultório, eu trouxe meu consultório inteiro pra cá, montei a clínica, fiz um projeto – que eu tenho em papel – de implantação da clínica, o que era a clínica, com que objetivo... Tá um projeto arrumadinho e tal. E aí constava que eu seria sempre a coordenadora da clínica junto com os coordenadores de curso de musicoterapia, porque o objetivo da clínica era – é – atender a comunidade, dando oportunidade aos alunos de serem os terapeutas, na medida em que pra eles isso é muito importante, a prática clínica. Então, a clínica foi inaugurada em 2002 e foi muito interessante porque eu tava conversando com a Cecília, mostrando o projeto, e na hora que nós fomos discutir a questão do nome da clínica, as duas na mesma hora disseram “Ronaldo Milecco”, que foi um musicoterapeuta que faleceu em 2001 ou 2000. Foi uma pessoa que teve uma grande atuação na musicoterapia brasileira e latino-americana também, porque tava se fazendo o comitê latino-americano. E aí inauguramos em 2002, e sempre o coordenador do curso tava junto, então a primeira coordenadora comigo foi a Paula Carvalho, que era coordenadora do curso na época. Aí ela saiu, passou a coordenação pra Ana Sheila Tangarife, que ficou comigo. Quando a Ana Sheila saiu da coordenação e entrou a Raquel Siqueira, a Ana Sheila não passou pra Raquel, então ela continuou e está até hoje. Hoje é ela que coordena a clínica, que agora está no Conservatório da Tijuca, numa sala. 

E não dá conta da demanda, não é? Muita gente querendo... 

É, nós temos problemas muito sérios, o número de estagiários e tal... Enfim.

O número de estagiários é pequeno? Agora também tem a pós-graduação fazendo estágio...

Temos vários estagiários da pós-graduação. Na verdade agora nós temos quase que só estagiários da pós-graduação. Na verdade, tem uma menina do quarto ano, Ana Claudia, e tem uma menina do terceiro ano que está junto, mas a maioria é da pós-graduação. O Bruno, a Julie, enfim... Mas aí se conseguiu porque foi desalugado o 7º andar e não tinha mais espaço no Conservatório e aí foi pro da Tijuca. 

Quer dizer, alguma turbulência, no entanto continua cumprindo um papel importante tanto na formação de graduados e pós-graduados, quanto na problematização dessa nossa área de conhecimento, não é? Porque o que se promove na clínica é uma discussão avançada sobre musicoterapia, sobre essas ideias maravilhosas que ficam na sua cabeça esperando o momento certo pra saírem [risos]. Elas vão sendo também fermentadas na clínica. 

Sem dúvida. E há uma realimentação, porque eu sou supervisora da área de saúde mental e de reabilitação. Essa questão da supervisão também é muito importante porque levanta aspectos da clínica fresquíssimos e nem sempre já pensados, algumas questões são novas e vão empurrando a gente para fazer teoria que é o que a gente também precisa.

Rejane, e você também é editora da Revista Pesquisa e Música aqui do Conservatório não é?

Eu sou editora eu não vou saber dizer desde quando, eu acho que uns 4 anos, 5 anos, não sei.

Mais, não? Já foi editora também da Revista Brasileira de Musicoterapia, que é uma coisa importantíssima.

Fui.

Você foi a primeira editora, não é? ou foi Marco Antônio [Carvalho Santos]?

Não, foi o Marco Antônio. Marco Antônio foi quem criou. Nós estávamos no Anhembi num Latino americano que a Maristela Smith – que é uma musicoterapeuta que foi formada na minha turma, mas foi embora para São Paulo – fez, e num determinado momento Marco Antônio levantou e falou: vou falar com Maria Helena Curi, que era de Ribeirão Preto, para a gente criar uma revista. E criou uma revista que é a Revista Brasileira de Musicoterapia, mas acho que quando você entrou como...

Secretária?

Como secretária, exatamente, eu acho.

Você era editora.

Eu era editora, mas nos dois ou três primeiros números não tem o meu nome. Mais recentemente, a Sheila Volpi, do Paraná, me pediu, para mim e pro Marco Antônio, nós nos reunimos e escrevemos a história da revista que elas colocaram no site. Ela coloca que, embora não tenha o meu nome, eu fui a editora das primeiras, dos primeiros números não, de três números e logo depois eu sigo com mais dois ou três, eu fiz umas cinco ou seis revistas, eu não sei dizer.

Hoje a Revista Brasileira de musicoterapia esta online, quem se interessar por conhecer essa história.

Está online. Eu acho que é só colocar “Revista Brasileira de Musicoterapia” que entra no site. Eles fizeram um trabalho maravilhoso, que foi de scannear todos os números anteriores e colocar disponíveis.

Agora todos estão online. Mas aqui, a Revista do Conservatório Brasileiro também você é editora com o José Assunção, é isso?


Ele agora é editor convidado porque ele não é mais do Conservatório. Eu acho que eu já fiz umas cinco. Ela agora está online, mas eles colocaram já alguns números antigos porque a revista do Conservatório existe desde 1957.

Não se chamava Pesquisa e Música...

Não.

Mas se chamava Revista do CBM.

Era Revista do Conservatório Brasileiro de Música. E curiosíssima. Eu tenho um exemplar, porque eu tenho um trabalho publicado lá em 1968.

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