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Lembranças escritas

Encontro (com E maiúsculo) com Lia Rejane

Por André Brandalise

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Foi em Curitiba, em janeiro de 1991, que conheci Lia Rejane. A oficina sobre musicoterapia, que ministrou durante o encontro de estudantes de música, me informou não somente sobre o que eu viria a ser mas sobre o que eu era. Ali, com ela, reconheci ser musicoterapeuta.

 

Quis obviamente reecontrá-la. No ano seguinte, no mesmo mês, voltei a participar de sua oficina. Desta vez em Brasília. Mais uma vez, impactante. Por dois motivos, principalmente. O primeiro pelo fato de ter sido nesta oficina onde me apresentou para a Musicoterapia Nordoff-Robbins, através de um filme no qual participa Paul McCartney. Desde 1992, então, a paixão por esta abordagem só cresce. Mas é sobre o segundo motivo que concentro este pequeno texto. Lia (como sempre a chamei) propôs que formássemos pequenos grupos, organizados por Estados. Que eu lembre, era o único gaúcho da oficina além da Lia (que é de Bagé), logo, fiquei sozinho para realizar a atividade. Pediu, então, que nos apresentássemos cantando algo da nossa região.

 

Cantei uma canção que meus pais cantavam pra mim na infância. Chama-se “Roda, carreta” de autoria do compositor gaúcho Paulo Ruschel. 


Cantei a cappella:

Roda, roda, roda carreta
Roda. Lá pro fim do mundo.
Roda, roda, roda, carreta
Roda. Que nós “vamo” junto.
 
O boi da frente é o destino,
Companheiro do esperança.
E o boi brasino é o desejo,
Pareia do coração.
Bem perto do carreteiro, vem o boi desengano…
Vem o boi ilusão.

Roda, roda, roda carreta
Roda. Lá pro fim do mundo.

Terminei de cantar e me percebi emocionado, bastante mobilizado pela experiência. Havia sido sobre meus afetos, minha infância, minha origem…


Direciono meu olhar a Lia e a encontro chorando.


Tivemos ali nosso primeiro Encontro. Sim, com “E” maiúsculo.


Eu me Encontrava, de maneira profunda, com Lia Rejane Mendes Barcellos.


Pra sempre.
 

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