top of page

Lembranças escritas

Lia Rejane Mendes Barcellos (com dois “l”, por favor!)

Por Paula Carvalho

paula.jpg

Lia Rejane poderia ter uma biblioteca de textos apenas lhe tecendo os mais sinceros elogios. Mas, hoje, vim contar as histórias que vi acontecer entre 1981 e 2000 e como ela foi (e é) a mais incrível das protagonistas.

 

Mestra.

Conheci Lia Rejane no primeiro dia de aula. A professora que me daria aula nos 4 anos seguintes era pequena e de olhos muito vivos. Alegre, antes de tudo e sempre, alegre.

Me encantei com a sua inteligência. Com o domínio total do assunto. Que profissional.

Tive a honra de ser sua estagiária e presenciar a sua atuação.    

Frente a um paciente, ela sabia exatamente onde queria chegar e quais os instrumentos, melodias, harmonias e ritmos ela precisaria fazer uso para atingir o objetivo que havia traçado. Não, ela não dirigia o atendimento para onde ela queria. Ela dirigia o atendimento para onde o paciente precisava. E analisava tudo que havia acontecido imediatamente após. Perfeita, eu comprovava. Me instigava a cada dia. Aprendi com ela a não me contentar com um assunto pelo raso. Me ensinou a ser a melhor que eu conseguisse ser.

No último dia de aula, eu ainda me encantava com sua inteligência, com seu domínio dos novos assuntos. Sem dúvida, uma mulher que eu não queria sair de perto.

 

Pianista, musicista. Sensível.

Me falou sobre o Adagio de Albinoni e a vi, pela primeira vez, transparente de emoção.

Me ensinou a ter orgulho da minha profissão enquanto fazia café jogando o pó direto na água que acabava de ferver (não se esqueça de mexer o café na água). Aí, pode coar.

 

Inquieta

O Brasil era pouco, a América do Sul era pouco.

Rejane foi a primeira a publicar um livro de musicoterapia no Brasil.

Foi a primeira brasileira a participar da Federação Mundial de Musicoterapia.

Foi a primeira a trazer o método GIM para o Brasil.

Devem haver muitos outros “primeiros” em sua vida profissional que eu não acompanhei ou me esqueci mas que, com certeza, continua encantando a todos que a cercam.

 

Generosa

Tive a honra de estar em dois Congressos Mundiais de Musicoterapia com ela.

Trouxe para o Brasil (Conservatório de Música) e para dentro de sua casa cheia de orquídeas TODOS os grandes nomes da Musicoterapia Mundial. Fui uma felizarda de presenciar a deferência com que os “grandes nomes” tratavam a nossa “grande nome” .

Rolando Benenzon, Kenneth Bruschia, Kenneth Aigen, Even Ruud e qualquer musicoterapeuta importante de 1981 a 2000 (eu vi e ouvi) a chamavam pelo primeiro nome, a abraçavam pelos corredores como se brasileiros fossem, tamanha a intimidade. Confesso que ficava orgulhosa de ser aluna dela - mesmo depois de estar "formada" continuava sendo sua aluna.

E então eu percebi que Rejane era a mola mestra da Musicoterapia no nosso país.

Se Cecilia Conde inventou a história, Lia Rejane FEZ a nossa história como musicoterapeutas.

 

Obrigada, Rejane.

bottom of page