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Lembranças escritas

Tem Certas Coisas que eu Não Sei Dizer...

Por Marcello Santos

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Professora titular dos cursos de graduação e pós-graduação em musicoterapia do Conservatório Brasileiro de Música - Centro Universitário (CBM-CEU), coordenadora do Curso de Pós-graduação em Musicoterapia (CBM - CEU), musicoterapeuta clínica, pesquisadora, graduada em piano, especialista em Educação Musical, Mestre e Doutora em Música, mentora de passos importantes na profissão de musicoterapeuta. Referência nacional na área.

Essas são credenciais suficientes para apresentar e representar bem Lia Rejane Mendes Barcelos. Figura marcante de nossa profissão, faz o tipo goiabada cascão: doce e firme. Às vezes dá uma amargada.

Gaúcha de Bagé, pode e deve ser descrita como mulher de faca na bota. Apesar do temperamento sanguíneo, essa pioneira da musicoterapia tem certamente um dos abraços mais acolhedores e solidários que alguém pode receber num momento de tempestade, eu bem sei. De pensamento astuto, articulador e crítico, ensina, corrige, investe, empodera, puxa orelhas, faz carinho. De raciocínio rápido, muitas vezes é de uma ranhetice tão caricata, efeito de uma generosa sabedoria que só o tempo traz e com o qual a gente aprende. É atenta, sintonizada, presente.

Em sua bagagem, traz muito humor. Rejane é engraçada também. Essa ariana filha de abril é direta no falar, calorosa, próxima, vibrante, franca. Trabalhando com crianças em situação de rua, ganhou o carinhoso apelido de Dona Catifunda, aquele personagem da Praça da Alegria e da Escolinha do Professor Raimundo interpretado pela atriz Zilda Cardoso, que tinha forte sotaque do interior do Brasil e empunhava um charuto, que em cada baforada trazia uma tirada espirituosa e cheia de espontaneidade. As crianças nada sabem e sabem tudo. Enxergam um grande coração de longe... 

Rejane é articuladora. Arregimenta por todo o Brasil aliados os mais variados, profissionais que se tornaram multiplicadores desse novo saber e de suas práticas. Colabora fortemente em nossa organização profissional e em seus movimentos. Inspira um cordão de novos profissionais que expandem os limites do nosso coletivo para o futuro. Na Geografia e na política.

Em tempos sombrios que já mostram suas presas, de museus desleixadamente incendiados e pensamentos intolerantes, rendemos uma homenagem a esse nosso patrimônio vivo, que liga o passado ao futuro, não só da musicoterapia como da nossa castigada e vilipendiada Ciência Nacional, robustecendo novas perspectivas sobre o homem e as já não tão novas formas de cuidado. Trata-se de uma porta-voz importante do novo paradigma que raia no horizonte contemporâneo. Rejane nos incita a rotas de fugas permeadas pelo otimismo, pela curiosidade, pela humildade e cumplicidade diante do novo, trazendo consigo a delicada e teimosa esperança, aquela chama que arde em todos nós, musicoterapeutas.

Nossa professora é inventiva e, por que não dizer, re-inventiva. Está no nome: Re-Jane. Há algo majestático também... Regia... Rainha? Dá até pra ouvir as gargalhadas a respeito dessa elucubração barata. Rir-se de si mesmo é pra poucos. E saber fazê-lo, uma arte. Agradeço particularmente pela possibilidade de conhece-la, pelo aprendizado, pelas gargalhadas, pelo exemplo, pelas inequívocas demonstrações de carinho e pelo acolhimento. À Professora Lia Rejane Mendes Barcellos, minha singela homenagem. Intraduzível! Indizível! Para ser sentido por sensações sinestésicas ...

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